Com tantos dispositivos eletrônicos, um mundo onde cada vez mais fazemos coisas ao mesmo tempo, dedicar parte dele a leitura tem sido um desafio. Acontece que o hábito da leitura precisa continuar existindo e mais, ser estimulado desde cedo para o melhor desenvolvimento do ser humano.
Sem dúvidas o advento das tecnologias é importante para o universo da educação, mas isso não significa deixar de lado pilares essenciais como a leitura. Ler, interpretar, associar questões, tudo isso mostra um caminho de compreensão do mundo e como precisamos agir nele, por isso a leitura para educação é essencial. Vamos conversar hoje sobre como o universo da leitura impacta no processo de aprendizagem desde os primeiros anos de vida de uma pessoa.
Para a neurocientista e autora do livro “O cérebro no mundo digital- os desafios da leitura na nossa era” Maryanne Wolf, a leitura é base da formação socioemocional do ser humano. Segundo ela tudo que trazemos da primeira infância se conecta aos novos aspectos da linguagem, e incentivar a leitura ajuda a expandir conceitos de pensamento crítico, empatia, reflexão, competências essenciais do nosso século.
Ainda de acordo com a neurocientista, o processo de leitura não é algo aprendido naturalmente pelas crianças, mas do zero aos cinco anos, antes de se tornar um cérebro leitor, ele já está em desenvolvimento, e por isso todas as histórias que contamos, os livros que mostramos, fomentam esta evolução. A medida em que o hábito de leitura é apresentado aos pequenos, antes mesmo deles poderem ler, eles já conseguem absorver melhor a linguagem.
A leitura é capaz de aumentar os circuitos neurais, uma vez que ela conecta visão, linguagem, conhecimento e traz novas descobertas, e a cada nova descoberta, consequentemente, novos circuitos vão surgindo no cérebro.
Outro autor e neurobiólogo que defende a neuroeducação (abordagem educativa baseada no funcionamento do cérebro) Francisco Mora, explica que para ler precisamos inibir “99% do que normalmente pensamos ou que entra no nosso cérebro e prestarmos atenção em apenas 1% disso”. Sem contar que a leitura exige também nosso tempo.
E é aí que nos deparamos com um grande desafio da leitura para educação do nosso século. Afinal a era digital mudou nosso jeito de encarar o tempo, tudo é mais rápido, inclusive a forma que encaramos a leitura. Quando usamos a internet, por exemplo, o nosso foco de atenção precisa de um tempo mais curto e segue em constante mudança, diferentemente da leitura de um livro.
Isso não quer dizer que a tecnologia deva ser demonizada, conversamos constantemente por aqui como a implementação dela trouxe inúmeros benefícios, mas a exposição aos meios eletrônicos, e o tempo dedicado a esta exposição, deve ser levado em consideração de acordo com a idade da criança.
Já para a fase mais jovem do ser humano, com amadurecimento do leitor, a leitura para educação precisa focar nos diferentes estilos que irão atrair e incentivar o olhar crítico e interdisciplinar, seguindo este caminho será mais fácil despertar o interesse dos alunos.
O desafio do educador está em encontrar um meio entre as leituras clássicas e contemporâneas. O ensino deve ir além das chamadas leituras obrigatórias, ou uni-las aos livros com temáticas de interesse dos jovens para trabalhar diferentes áreas, isso ajudará a desenvolver as habilidades necessárias atreladas ao que eles gostam. Ninguém aprende ou quer fazer algo que não gosta.
As dez competências da BNCC englobam muito da habilidade leitora por parte do aluno, afinal o estudante precisa ampliar as competências a serem desenvolvidas, e com certeza ele precisará da leitura para percorrer o processo de aprendizagem.
Leitura para educação em projetos interdisciplinares
Se engana aquele que acredita que a leitura para educação trabalha somente a área de linguagens. A leitura é universal e pode ser associada as diferentes áreas do conhecimento trabalhadas em sala de aula. Ela deve ser ferramenta estratégica e ajudar na compreensão do conteúdo passado.
Sendo assim, tornar a leitura mais ampla, possibilita ensinar por meio dela. A leitura permite a compreensão do mundo. Com isso é possível trabalhara história, geografia, matemática e biologia, e porque não dizer todas as áreas do conhecimento.
É possível também seguir pela via de projetos interdisciplinares, isto é, uma mesma leitura, pode trabalhar ao mesmo tempo língua portuguesa e história, por exemplo. Além do livro em si, é possível usar de diferentes tipos de leitura para atingir o objetivo de ensino, artigos, revistas, jornais, quadrinhos, tudo como elemento para educação.
A medida em que o professor leva para sala de aula diferentes textos que encontram na sociedade, aproxima a leitura da realidade do aluno e faz com que o desejo de ler seja relacionado ao seu dia a dia, tornado assim maior interesse do aluno no hábito.
Outro caminho que os docentes podem usar, é a ideia de complementação de conteúdos para trabalhar a leitura para educação. Muitas áreas conversam entre si, e traçar esse paralelo faz a aprendizagem algo mais dinâmico e atrativo.
Além disso, é essencial que a proposta pedagógica seja muito clara, os professores precisam saber onde querem chegar com o estímulo de determinada leitura. Ao trabalhar conteúdos de leitura de maneira combinadas e relacionadas as possibilidades a serem exploradas aumentam e permitem que a leitura siga sendo principal parceira do conhecimento e compreensão dos alunos. Deixe sua opinião nos comentários, qual você acredita ser o espaço da leitura para educação em nossa realidade atual?