Neurociência na sala de aula

Nosso cérebro é um órgão de aproximadamente um quilo e meio, algo que poderíamos segurar na palma da mão. Essa importante engrenagem do nosso corpo é considerada o centro de inteligência e aprendizagem do organismo humano.

Para entender algo tão fantástico surgiu a neurociência, que tem como objetivo estudar e entender o funcionamento do nosso sistema nervoso central. Esta ciência pretende desvendar como a mente funciona e como podemos estimulá-la para otimizar seus processos e aprendizados. E tudo isso também tem recebido um novo olhar: como usar a neurociência na sala de aula como importante aliada na hora de aprender (e também ensinar).

Aprender é algo inerente a todos os seres humanos, descobrimos diariamente novas informações e absorvemos, as vezes até sem fazer filtros. Entender o funcionamento de como é feito a aquisição de conhecimento é fundamental para auxiliar a forma que fazemos este processo.  Por isso usar a neurociência na sala de aula é fundamental.

O aprendizado é um processo que também acontece no sistema nervoso, começa pelos nossos sentidos e é levado ao cérebro, onde é compreendido, assimilado e correndo tudo bem, armazenado. Acontece que, depois de passado algum tempo, se não estimularmos corretamente, esse aprendizado é esquecido.

Uma série de fatores afetam nosso sistema nevoso central, eles são os responsáveis e podem influenciar positivamente no processo de aprendizagem. Alguns deles são:

Memória: ela acontece por meio da ativação de circuitos neurais com associação, um circuito ativa o outro e o próximo e assim sucessivamente. Quando fazemos isso frequentemente com determinado circuito, as chamadas sinapses ficam cada vez mais estáveis, tornando o processo mais simples e rápido e isso é chamado de memória. Portanto, quando aprendemos algo novo lembramos dele mais facilmente ao associar com algo que já conhecemos. Este fato é de extrema importância e mostra como o uso da neurociência na sala de aula é algo prático e possível de ser feito nas atividades passadas aos alunos. Ao ensinar algo novo é possível estimular essa associação para que o aprendizado seja memorizado.

Atenção: outro ponto que é sabido e influencia muito o aprendizado em sala de aula é a atenção. O nosso sistema nervoso central só é capaz de processar aquilo em que presta atenção, pois ela está ligada aos estímulos que recebemos e o nosso interesse. Por isso é importante não usar estímulos excessivos, pois não conseguimos prestar atenção em nada, mas ao mesmo tempo é entender quais estímulos são necessários para conseguir reter atenção dos alunos.

Plasticidade cerebral: nosso cérebro pode mudar ao longo do tempo devido a interferência do ambiente e isso é chamado de plasticidade cerebral. É a capacidade que temos de ser afetado por estímulos externos, que influencia diretamente no aprendizado. Quanto mais plástico for nosso cérebro, com mais facilidade vamos adquirir conhecimento. O uso de metodologias ativas por professores ajuda neste processo, por exemplo.

Emoção: outro fator que deixa as sinapses mais fortes e estáveis além da memória, é a emoção. Ela inclusive influencia nossa memória, e isso é algo muito valioso para o aprendizado. É importante trabalhar as emoções para o relacionamento entre aluno e professor afetar positivamente esse processo.

4 maneiras práticas de pensar e usar a neurociência na sala de aula

Estimule os sentidos – Quando usamos recursos multissensoriais ativamos múltiplas redes neurais, por isso o professor pode usar deste recurso para ampliar o aprendizado. Por exemplo, se a aula é sobre um determinado tipo de vegetação e você proporciona ao aluno vê-la, senti-la, além de somente ler e falar sobre ela, a captação do conhecimento pode ser muito maior.

Fale novamente, reveja, de novo e de novo… – Nossas memórias são consolidadas a partir da ativação dos circuitos neurais como foi falado acima, para isso as informações e experiências passadas precisam ser revistadas. Por isso, repita de diferentes formas o mesmo conteúdo e mantenha dessa forma as conexões cerebrais ligadas a elas.

Valorize o (desc)conhecimento e a curiosidade – Parece estranho, mas na verdade aqui a reflexão é: toda aula e o processo de aprendizagem em si começa com algo que não conhecemos. Perguntas como:  Por quê? Qual? Como acontece? levam a tantos desdobramentos que trazem respostas que se consolidarão como conhecimento.  Tudo isso deve ser valorizado. O cérebro seleciona informações que considera mais relevante para bem-estar e sobrevivência, e ignora o que não tem relação com sua vida e necessidades, isso é evolutivo. Por isso ao responder essas perguntas, o professor precisa passar a informação e conhecimento, relacionado a coisas que tenham a ver com o arquivo de experiências e relevância no cotidiano do aluno.

Ambiente e tempo das aulas – Aulas longas e densas são mais propensas a distraírem os alunos, alterne atividades e as formas com que elas serão apresentadas, por exemplo, entre fala do professor, vídeos, debates dos alunos. O ambiente também deve estar confortável para que o aluno se sinta à vontade em ficar mais tempo e querer aprender.

A verdade é que não existe a receita de bolo infalível, mas entender as limitações e como podemos potencializar com pequenas atitudes a capacidade do cérebro ajudam a tornar o processo de aprendizagem mais atrativo e faz com que o professor consiga a conduzir melhor a maneira que vai ensinar, entendendo as peculiaridades de cada aluno.

É preciso entender que usar a neurociência na sala de aula não significa resolver todos os problemas, mas os estudos e conhecimento que ela nos traz auxiliam a pensar a educação de uma maneira diferente com novas possibilidades e novas maneiras de interação.

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