Sob Controle: documentário interativo

No final de 2009 fui entrevistado para projeto Sob Controle, um documentário no qual o espectador tem a liberdade de escolher o que vai assistir.

De uma forma fácil e divertida, é possível navergar pelo conteúdo sem precisar esperar a todos entrevistados responderem para chegar até a informação que você precisa. Abaixo está o documentário completo e logo em seguida, as minhas respostas à entrevista.



































Entrevista para o blog da Taxi Labs

Há alguns meses (não muitos) eu concedi uma breve entrevista por e-mail para o blog da Taxi Labs. Hoje voltei lá para pegar o link e o conteúdo sumiu. O pessoal deve ter atualizado o site, instalado um WordPress novo e mataram o conteúdo antigo. Tudo bem, reproduzo aqui o que disse lá.

O título que deram ao post era assim:
Dolemes, pioneiro em blog de games no Brasil

As perguntas, que foram feitas na ocasião por Pedro Araújo, seguem relacionadas abaixo jutamente com as minhas respostas.

1 – Como foi a criação do GameReporter? O que te levou a criar um blog sobre o assunto e sustentá-lo durante anos? Conte-nos detalhes de suas criações na internet.
O GameReporter nasceu quando eu era o editor do AOL Games, o portal de games da AOL no Brasil. Eu trabalhei com games na AOL de 1999 até 2006. Com o fechamento da empresa no Brasil, o nascimento do GameReporter foi quase que natural, tendo em vista que eu não queria parar o trabalho que vinha fazendo. Eu criei o blog e continuo mantendo-o até hoje pois gosto muito e estudo academicamente o assunto, ou seja, games.

2 – Como você relaciona games com jornalismo? Como surgiu teu gosto pela área?
Games é mais uma área do jornalismo, assim como o jornalismo esportivo, econômico, cultural… e o jornalismo está diretamente relacionado com games quando o assunto é notícias sobre o meio, análises e críticas. O crítico de games será comparado ao crítico de cinema no futuro.

3 – O que você acha da atual indústria de videogames brasileira? O que foi conquistado nos últimos meses e anos? O que nos falta?
A indústria brasileira de games está em pleno desenvolvimento. Existe ainda muitas conquistas para quem se aventura a trabalhar com games no Brasil, mas existem também muitos casos de sucesso, como a TechFront, Aquiris, TecToy Digital… o lado bom de tudo isso é que as grandes empresas já começaram a colocar o pé no Brasil, como é o caso da Ubisoft. Creio que nos falta ainda um amadurecimento do mercado… mas estamos caminhando bem. Hoje já existem diversos cursos de graduação em games e tenho plena certeza que é na universidade que nascerão muitas coisas boas.

4 – Pra encerrar: além de blogueiro, jornalista e gamer, você também é ilustrador. Qual é a arte conceitual que você mais gosta nos games?

Eu gosto de design e arte como um todo. Também sou professor universitário e leciono no curso de Jogos Digitais da PUC-SP. Eu sou muito fã o concept art game God of War. É verdadeiramente uma obra de arte.

O designer de interfaces…

Entrevista concedida ao blog Planeta Gamer, de Sabrina Carmona.

1 ) O que é necessário para um gamer se tornar um profissional na área de games?
Estudar, estudar e estudar. É preciso conhecer o processo de produção de um jogo, desde o roteiro, passando pelo 3D e programação, até sua finalização em uma engine de primeira linha. Tudo isso pode ser aprendendido em um bom curso de graduação em games.

2 ) Precisa de algum conhecimento prévio para iniciar os estudos na área jogos?
É preciso ter vontade. Mas por incrível pareça, jogar muito também faz parte do aprendizado.

3 ) O que seria a interface de um jogo?
Interface é o ponto de contato entre o ser humano, a máquina e o software, ou seja, o jogo. É o elemento liga o real com o virtual.

4 ) Qual a importância de uma interface amigável para o jogador?
Uma interface amigável faz com que se jogue um game com mais facilidade e naturalidade. Uma boa interface de jogo é invisível, ou seja, o jogador nem percebe que está interagindo com ela.

5 ) Qual o primeiro passo para fazer a interface de um jogo?
O primeiro passo para se desenvolver uma boa interface de jogo é começar com um projeto em papel. Tudo começa no papel, inclusive os jogos digitais.

6 ) Quais os softwares que podem ser utilizados para fazer esta interface?
Software de ilustração vetorial e edição de imagens em bitmap, como Adobe Illustrator e Adobe Photoshop

7 ) Até que ponto a escolha das cores e do visual do jogo é importante?
A cor transmite sensações e ajuda a criar o clima do jogo. Este clima precisa, necessariamente, ser transferido para a interface do jogo.

8 ) Quais seriam as dicas que você daria para quem quer iniciar na área?
Estudar, procurar uma boa universidade, jogar muito e ler o GameReporter.

Experiência de jogo está mais profunda

As grandes franquias (séries) de games, como Halo e GTA são uma das novas forças que movimentam a indústria do entretenimento, ganhando mais destaque que franquias cinematográficas e até de bandas. Entrevista concedia a Jocelyn Aurrichio, para o caderno Link, do Estadão (O Estado de S. Paulo).

A entrevista não foi usada na íntegra, como é normal na grande imprensa, algumas respostas foram citadas na matéria do grande Jô.

ESTADÃO: Em sua opinião, quando os games ganharam essa notoriedade pública?
Dolemes: Desde que Space Invaders foi lançado no 1978 no Japão pela Taio, os games vem ganhando cada vez mais notoriedade pública. Citei justamente o Space Invaders, pois o game (o arcade na verdade) foi responsável pela escassez temporária de moedas de 100-yen no Japão. Já li em alguns lugares que o governo teve que aumentar a produção de moedas. Creio que este fato foi o ponto de partida para a grande notoriedade pública dos games.

ESTADÃO: E quanto a Mario e Sonic, como você vê a exploração de suas franquias? É exagerado ou na medida?
Dolemes: Mario e Sonic já fazem parte da cultura do videogame. São ícones culturais e serão explorados por muito tempo ainda. Eu vejo como uma exploração exagerada, mas com certeza está longe do final, pois são franquias fortes que ainda vendem muitos jogos.

ESTADÃO: Você acha que games hoje são maiores que bandas, filmes ou times de futebol? Por quê?
Dolemes: É fato notório que os games crescem a cada dia. Falar em faturamento é repetir o que é dito sempre: que a indústria de games fatura mais que as bilheterias de Hollywood. Contudo, bandas e times de futebol são assuntos muito explorados pela grande mídia, ou seja, estão sempre na televisão, nos grandes jornais. O game ganha mais espaço a cada dia, começa a figurar com mais freqüência na grande mídia e é pauta diária nas conversas de qualquer adolescente. Não demorar muito para os games serem maiores que bandas e também times de futebol.

ESTADÃO: Quais franquias você acha que ganharam o estado de imortalidade?
Dolemes: Creio que Mario e Sonic, já citado anteriormente, são franquias imortais. Eu juntaria as essas franquias: Fifa, Need for Speed e até Guitar Hero, que tem tudo para se tornar uma franquia imortal. Quer não quer ser um Deus do Rock?

ESTADÃO: Qual o motivo das franquias de games estarem crescendo tanto em popularidade e importância na cultura pop?
Dolemes: O videogame está tão presente na vida das pessoas hoje em dia quanto o disco de vinil estava na geração dos nossos pais (não vou falar da minha pois sou do tempo do CD). Ipod, celular, MP3, Orkut, Videogame… são todos ícones da cultura pop do século XXI. O videogame é mais um item. E as franquias crescem de popularidade e importância, pois marcam presença na vida das pessoas, oferecendo entretenimento de qualidade com comodidade. A comodidade faz com que as pessoas fiquem mais tempo em casa jogando. Creio que parte desta comodidade acontece em função da violência urbana também.

ESTADÃO: E quais franquias pisaram na bola, abusando da notoriedade?
Dolemes: Acho que iD Software e a Activision pisaram feio na bola ao apostar no filme Doom. Filme ruim que se aproveitou da notoriedade do famoso game.

ESTADÃO: Quais empresas tratam bem suas franquias, e quais abusam demais?
Dolemes: Vejo que a Nintendo trata suas franquias com muito cuidado, apesar de abusar do Mario (no bom sentido, claro). A Electronic Arts, me parece, às vezes se mostra no limite de uso (ou abuso) das franquias, mas não vejo com um caso crítico ainda.

ESTADÃO: Em sua opinião, a exploração exagerada de alguns temas, como Segunda Guerra, é consequência da falta de criatividade da indústria ou é parte de uma ganância incontrolável?
Dolemes: Creio que nem uma coisa e nem outra. Não gosto muito de fazer analogias com o cinema, mas quantos filmes sobre a Segunda Guerra existem? Quantos bons e quantos ruim? Na maioria da vezes as temáticas se repetem, seja no cinema, tv, animação ou game. Contudo, em algumas ocasiões, aparecem pontos fora da curva, como o caso do Brain Age para para Nintendo DS.

ESTADÃO: Quanto aos jogos de esporte, como Fifa e W11, você acha que a atualização anual dos títulos acaba explorando demais a franquia, enfraquecendo o conceito do jogo e prejudicando a lealdade dos fãs?
Dolemes:
Depois que mudaram a jogada de linha de fundo do Fifa 97 (se não me engado), comecei a ver as coisas com outros olhos. No Fifa 97, jogada de linha de fundo era gol na certa. O jogo ficava fácil para quem dominava 6 ou 7 jogadas prontas. Hoje a dificuldade cresce a cada nova versão e isso é conseqüência direta de pesquisa e avanços tecnológicos. Eu vejo tais avanços como elementos de fidelização de fãs e novos usuários. Hoje jogos de esporte estão cada vez mais reais, quase emulando uma partida real. Creio que não prejudica a lealdade dos fãs. Mas claro, posso estar completamente errado. Quem discordar, manifeste-se!

ESTADÃO: Você acha que as pessoas podem acabar deixando a emoção tomar conta quando defendem suas paixões? Um jogador foi esfaqueado na fila de espera do GTA IV, na Inglaterra, pessoas acampam na frente de lojas… Esse é um fenômeno isolado ou realmente os jogadores se deixam levar?
Dolemes: O problema consiste em misturar o real com o virtual. É comum ver fãs de qualquer coisa, seja uma banda de rock, futebol e até videogames acompanhar com comprar ingressos, comprar o consoles antes que tudo mundo… isso é um fato que dá para entender, pois está relacionado com o gostar, ser fã. Agora, quando a violência das dos mundos dos bits e chegam ao mundo dos átomos, fica tudo mais complicado, pois quem gera tais ações já não conseguem dissociar realidade de virtualidade. E é justamente fatos como esse que são explorados por alguns pesquisadores e até mesmo pela grande mídia.

ESTADÃO: O cinema tem se alimentado de quadrinhos e animes para continuar interessante. Você acha que o game é uma forma de entretenimento de massa genuinamente novo? Por quê?
Dolemes: O game é uma forma de entretenimento genuinamente “novo” pois conta com dois elementos essenciais que dão aos games esse título: interatividade e desafio. A interatividade é um recurso inerente às novas mídias e o desafio é o que move qualquer game.

ESTADÃO: E quanto tempo será que o cinema levará para fazer bons filmes baseados em games? O que falta?
Dolemes: Pois é. Acho que falta um bom diretor que seja fã de game fazer um filme com tesão. Hoje temos muitos filmes baseados em heróis de quadrinhos. E mesmo os filmes de quadrinhos, existem os bons e ruins. Um exemplo rápido e fácil: a trilogia do Homem-Aranha é sensacional. Já o filme do Cavaleiro Fantasma é um desastre. Quem sabe se o Sam Raimi, o diretor de Homem-Aranha, não fará nenhum filme baseado em game no futuro? Vamos esperar.

David de Oliveira Lemes | Dolemes | http://meadiciona.com/dolemes/