Matéria publicada na Revista Galileu | Edição 218 | Setembro de 2009
Por David de Oliveira Lemes
Holodeck. Estranhou a palavra? Então, você não é muito fã de Star Trek, certo? Mas tudo bem. Muito em breve, daqui uns dois anos, o jargão começará a se tornar conhecido.
Quem assistia à série lembra da tecnologia da ficção. Nela, a pessoa conseguia entrar num ambiente de realidade virtual sensível ao toque. Assim, era possível interagir com seres virtuais praticamente da mesma forma que você faz com qualquer um na rua.
Parece loucura transportar o Holodeck para a nossa vida? O fato é que os games estão chegando cada vez mais perto disso. Existem tecnologias em desenvolvimento que, uma vez combinadas, poderão levar o jogador definitivamente para dentro do game. Um indício fantástico de que caminhamos nesse sentido é o Projeto Natal, apresentado com pompas no mais importante evento do planeta dos videogames: a feira E3 deste ano. O sistema de controle que utiliza detecção de movimentos e reconhecimento de voz transforma o corpo do jogador no controle do videogame. Desenvolvido para trabalhar junto com o console da companhia, o XBox 360, o dispositivo combina uma câmera, um sensor de profundidade, um microfone e um processador especial.
Especialistas indicam que esse tipo de tecnologia, unida ao 3D e aos projetos de realidade virtual desenvolvidos desde a década de 1970, poderá recriar fora da tela o cenário e os personagens de um jogo. Na prática, já imaginou apagar as luzes do quarto, ligar o seu console e encarar fisicamente um título de terror como Resident Evil? Ou então, afastar o sofá e treinar uns dribles e cobranças de falta contra um craque virtual? E imagina como seria divertido entrar de corpo e alma nas politicamente incorretas tramas de um título como Grand Theft Auto?
Ainda que esse tipo de imersão por enquanto exista apenas nos croquis dos desenvolvedores de games, a próxima geração de títulos já vem na esteira do cinema 3D. Novamente, o nome de James Cameron ressurge. Avatar: The Game foi desenvolvido pela Ubisoft paralelamente ao filme e será um dos primeiros jogos a contar com imagens estereoscópicas 3D desde o seu desenvolvimento. O produto, cercado de segredos, chega às lojas em novembro deste ano.
E o que você precisa ter para desfrutar isso tudo em casa? Nessa etapa inicial, o uso de óculos é obrigatório. Consoles de última geração e PCs equipados com placas gráficas de alta qualidade são capazes de exibir as imagens estereoscópicas. A NVIDIA, fabricante de placas de vídeo para computadores e consoles de videogame, já comercializa o 3D Vision, um sistema de processamento de imagem que promete transformar os jogos para PC em ambientes 3D. Para isso, é preciso comprar um kit composto por óculos especiais sem fio, um transmissor infravermelho, software, monitor no padrão 120 MHz, placa GeForce compatível. O pacote sem o monitor sai por R$ 700.
A empresa afirma que mais de 350 games disponíveis no mercado são compatíveis com a tecnologia. Fazem parte dessa lista títulos de gêneros completamente diferentes como Age of Empires 3, Call of Duty 4, Guitar Hero 3, Spore e World of Warcraft.
E de olho na crescente onda 3D, a empresa californiana iZ3D desenvolveu um monitor recomendado para disputar partidas tridimensionais de aventuras como Painkiller, Quake 3, Counter Strike: Source, nas quais a impressão do jogador é de estar dentro do game. Com 22 polegadas e resolução de 1680 x 1050 pixels, o equipamento sai por US$ 400 nos EUA.
Fora do mundo dos computadores, a Sony já faz testes com a tecnologia para uso no seu console, o PlayStation 3, e em títulos como Gran Turismo e Motorstorm: Pacific Rift. Para Wii, da Nintendo, o game Battle Rage: The Robot Wars já está disponível em 3D. E o dono de um Xbox 360 pode se aventurar em Invincible Tiger: The Legend of Han Tao disponível na rede Xbox Live.
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