Game designer: o papel do projetista de jogos digitais

O projetista de jogos, sejam eles digitais ou analógicos, também conhecido como game designer é aquele profissional que visualiza como um jogo irá funcionar durante o seu gameplay, ou jogabilidade, termo que ilustra todas as experiências vivenciadas por um jogador durante sua interação com os sistemas de um game.

O projetista de jogos, sejam eles digitais ou analógicos, também conhecido como game designer é aquele profissional que visualiza como um jogo irá funcionar durante o seu gameplay, ou jogabilidade, termo que ilustra todas as experiências vivenciadas por um jogador durante sua interação com os sistemas de um game. 

O game designer cria os objetivos, as regras, organiza os processos, pensa na premissa dramática e dá vida ao projeto. É o responsável por planejar tudo o que for necessário para criar uma experiência de jogo completa.

Do mesmo forma que um arquiteto desenha uma planta baixa para uma edifício ou um roteirista produz o roteiro para um filme, o game designer planeja os elementos estruturais do game, podendo ser um jogo digital ou analógico. Com o aumento do impacto da indústria de jogos digitais na cultura mundial, muitas pessoas e empresas estão considerando a indústria de games como forma de expressão juntamente a indústria cinematográfica, além de outras mídias, sobretudo as digitais.

O papel do jogador

O papel do game designer é primeiramente pensar no jogador. O profissional deve olhar para o mundo dos games por intermédio dos olhos do jogador.  Por mais simples que possa parecer, geralmente este conceito é muitas vezes esquecido. É muito fácil o projetista se perder nos gráficos, na história e nas dimensões tecnológicas e se esquecer que o que faz um bom jogo é um gameplay sólido.

O papel do game designer é primeiramente pensar no jogador. 

Não existe uma resposta simples de quais habilidades são necessárias para ser um game designer, muito menos um guia detalhado, mas existem indicações e habilidades que são válidas. Primeiro de tudo, um game designer é alguém que adora criar situações lúdicas.

A paixão por jogos e o ato jogar são elementos que todos os game designers têm em comum. Se você não ama o que está fazendo, você nunca será capaz de se dedicar o suficiente para criar algo realmente inovador. Criar jogos pode parecer algo trivial, mas não é. Qualquer game designer pode confirmar que testar o seu próprio jogo, dezena de milhares de vezes pode ser desgastante. Mas é fundamental.

Habilidades do game designer

Uma habilidade extremamente importante de todo game designer é habilidade de se comunicar claramente e efetivamente com todas as pessoas de sua equipe para “vender” seu projeto diversas vezes antes que ele seja finalizado, seja para os membros da sua equipe, gerentes, investidores ou até os membros da sua família e amigos.

E para “vender”, é preciso de boas habilidades linguísticas, visão clara do projeto e uma ótima apresentação. Saber ouvir os testadores de jogos e membros da equipe também são características importantes. Assim como administrar decisões difíceis, que podem envolver cortar elementos do projeto de jogo ou até mesmo adaptá-los.

Um ponto interessante da produção de jogos é que ela reúne diversos tipos de pessoas. Desde os programadores desenvolvendo modelos de inteligência artificial, animadores trazendo personagens à “vida” e até investidores com foco totalmente financeiro. As possibilidades são infinitas e cabe ao game designer conversar com quase todos estes profissionais, que por sua vez possuem pontos de vista diferentes.

Por mais que se refiram ao game designer como um membro da equipe, em alguns casos a função do game design é um esforço coletivo. Mesmo sendo um membro de uma equipe, seu trabalho raramente é feito sozinho, pois game design é o projeto do jogo.

Ser um game designer vai significar muitas vezes trabalhar sobre pressão. Fazer mudanças críticas sem causar problemas no processo de produção do jogo. É comum que um jogo se torne desbalanceado enquanto tenta-se corrigir algum problema, pois o designer fica tão focado em resolver aquele problema que pode criar dezenas de outros. Se o game designer não conseguir perceber o erro, os problemas poderão se tornar uma bola de neve até o jogo perder toda qualidade.

E quando o assunto é software, mesmo sendo um software entretenimento, como é um jogo digital, problemas ocorrem o tempo todo.

A importância de planejar e testar um game

No processo de desenvolvimento de um jogo digital, planejar como o game irá funcionar é de suma importância.

Mas além de planejar, é fundamental testar o que se está planejando. Mas você só conseguirá testar o game (fruto do seu projeto) se criar os objetivos, as regras, os processos e a premissa dramática para assim criar uma experiência de jogo completa (ou quase).

Se você está trabalhando em um projeto de jogo, pense apenas em uma pessoa: o jogador.  É um conceito extremamente simples e ignorado (muitas vezes) por um motivo mais simples ainda: é fácil se perder nos gráficos, história e outras características do game e se esquecer que o elemento principal que faz um bom jogo é uma jogabilidade sólida com foco no jogador. Afinal, o game é feito para o jogador e não para o projetista do jogo.

Podemos entender por jogabilidade o conjunto de experiências contidas no jogo, a facilidade de como ele pode ser jogado, bem como sua dificuldade. É a habilidade de jogar. O projetista de jogos precisa, necessariamente, ser obcecado por situações lúdicas.  E estas situações lúdicas, dentro do contexto do game, precisam ser envolventes. E até divertidas, se este for o caso.

Portanto, planeje e teste. E os testes podem ser analógicos, antes de serem digitais, como podemos ver abaixo. É mais rápido e fácil. E divirta-se ao projetar. Sem diversão, tudo fica chato demais.

Sessão de jogo: teste de jogabilidade

 

Jornalismo em um emaranhado de dados

Em nosso atual cenário no campo da comunicação somos bombardeados por informações de todas as qualidades e categorias inimagináveis. Nos tempos atuais, podemos nos questionar até se tais informações são verdadeiras ou não. E quando olhamos para estas questões, podemos nos perguntar: o que podemos fazer com tantos dados? Quais caminhos seguir para sua análise? Com encarar a Política de Dados Abertos das instituições públicas brasileiras?

O profissional de comunicação não tem mais a missão de apenas levantar dados, posto que hoje essa não é a dificuldade maior. A barreira está em como transmitir esses dados para o leitor, que tipo de informação ou conhecimento gerar com eles, como utilizá-los, como e o que produzir com esse material. É preciso adaptar-se às mudanças do ambiente informacional, ver e expor elementos que não se enxergaria de outra forma, contar histórias mais ricas e sobretudo, entender, a partir da ciência de dados, o mundo contemporâneo e sobretudo, o país em que vivemos (cada vez mais complexo). O jornalismos de dados é sobre contar histórias.

E tudo isso por apenas um motivo, a economia de tempo para alcançar a informação, pede para que se desenvolvam outras capacidades, que estimulem o profissional de comunicação a sair do óbvio ululante. Afinal de contas, já não saímos mais a campo e sim entramos no campo informacional e lá temos que encontrar todas as respostas. E muitas delas estão escondidas no emaranhado de dados abertos.

O profissional de comunicação não tem mais a missão de apenas levantar dados, posto que hoje essa não é a dificuldade maior. A barreira está em como transmitir esses dados para o leitor.

As novas formas de utilização e apresentação de conteúdo (seja online ou offline) fazem com o que o jornalismo não se torne algo obsoleto (muito pelo contrário) senão, o permite ser reinventado, reconstruído, re-significado e fragmentado, como é o caso do jornalismo de dados. Fragmentos de informações que complementam o todo.

Assuntos diversos, de utilidade pública, necessários para o auxílio do entendimento da sociedade atual, que vive a acompanhar a velocidade das informações são a matéria prima do jornalismo de dados. O jornalista que trabalha constantemente na apresentação de dados não pode deixar com que assuntos importantes passem com a mesma fugacidade de temas não relevantes e pontuais.

É preciso estar atendo: analisar o mercado que está inserido e entender da mídia que será usada para a apresentação destes dados, levantar, sem exceção, todos os dados que necessita, trabalhar em sua seleção relevante e fazer triagem informacional para assim, buscar a redação e apresentação final do conteúdo.

Aproveito para convidar a todos a acessar o Portal Brasileiro de Dados Abertos e ver o que podemos descobrir por lá. Aproveite para conhecer o curso Comunicação Digital e Jornalismo de Dados da PUC-SP.

Publicado originalmente na revista IMPRENSA, nº 330 (abril/maio de 2018). Página 50.

David de Oliveira Lemes (@dolemes) é professor do Departamento de Computação da PUC-SP. Consultor na área de educação e tecnologia. Leciona na FIAP, FECAP e Faculdade Impacta. Também edita o GameReporter. Gostaria de consultoria, palestra para sua empresa, evento ou instituição de ensino? Entre em contato.

Inteligência artificial: como podemos ensinar os computadores a entender nossas emoções?

 

Como criamos uma Inteligência Artificial com que as pessoas realmente queiram interagir? Raphael Arar sugere que comecemos criando arte. Ele compartilha projetos interativos que ajudam a IA a explorar ideias complexas como nostalgia, intuição e conversação, tudo trabalhando com a intenção de tornar a tecnologia do futuro tão humana quanto ela é artificial. Confira neste vídeo do TED.

Ebook: Level design, jogabilidade e narrativa para games

Apresentar um livro sobre level design e narratividade para games é uma atividade complexa, pois muitos termos e teorias são tratados do decorrer deste livro. Baixe  o livro aqui.

Posso começar respondendo inicialmente a seguinte questão: o que é level design? Level ou nível em um jogo digital pode ser o mapa do jogo e todos os eventos que vão acontecer no seu interior. Mas não é só isso. Ao compreendermos os modos pelos quais um level design pode ser constituído, encontramos articulações entre puzzles, tasks e quests e no sentido de ampliarmos e criarmos novos desafios. Torna-se então necessário desenharmos, a partir das mecânicas do game, uma maneira de apresentar esses elementos de forma a contribuir para o processo narrativo contextualizando desafios e narrativa ao passo que evoluímos no jogar do jogo.

E por falar em processo narrativo, podemos definir que a narrativa de um game é compostas de eventos, personagens e cenários estruturados de acordo com princípios de temporalidade, causalidade e significância. E qual seu objetivo? Engajar o interlocutor na interpretação das informações e experiência lúdicas interativas.

Narrativa que está presente no ambiente ficcional inserido no game. E podemos nos perguntar: como os jogos digitais projetam ficções e realidades para os jogadores? Você encontrará alguns caminhos neste livro para esta resposta.

E as ficções acompanham a sonoridade nos games. Nesse sentido trataremos também de conceitos que permitem analisar e projetar a sonoridade de forma integrada ao ambiente visual do jogo, tais quais: fases musicais, decupagem dinâmica, escuta navegacional, caracterização sonora ludofuncional e cosmopoiese sonora. Se você não entendeu estes termos, tudo bem. Eles estão explicados no artigo que trata do tema.

Contudo, não podemos esquecer da qualidade da avaliação da interação nos games, que geralmente consideram os critérios de jogabilidade. Entretanto, seus critérios de avaliação também não são muito conhecidos. Nesse sentido discutiremos também aspectos de usabilidade e jogabilidade e de que maneira esses conceitos e seus princípios se relacionam no design e avaliação da experiência com jogos digitais.

Você já parou para pensar que para se jogar é necessário, como em algumas situações de nossa vida pessoal, realizar procedimentos. E o que seriam esses procedimentos? Na vida ou no jogo, a ideia de realizar um procedimento está, na maioria das vezes, atrelada às ações que são determinadas por regras ou um estatuto a ser seguido.

E os procedimentos estão ligados diretamente às experiências estéticas propiciadas pelos jogos digitais, que podem ser representações e imagens que são produzidas para esta forma de comunicação contemporânea, o game.

Tudo isso sem deixar de levar em conta que os games são entidades culturais construídas por meio da interação de linguagens, com os campos da visualidade e da sonoridade como os mais evidentes. Nos games, as linguagens postas em interação se contaminam. Por isso, é preciso também falar em uma hipermidialidade, ou seja, na relação de mútua contaminação de signos, significados e conteúdos, pensada como ativa em todas as direções.

Como se pode ver, este livro passará por diversos temas relacionados à level design e narratividades presente nos jogos digitais. E a produção de um jogo, como fica?

Sob o olhar do desenvolvimento de games, diversas ferramentas possibilitam que o mais inexperiente desenvolvedor possa criar e programar um jogo digital utilizando os recursos já existentes nestes softwares de desenvolvimento. Ao analisar que se todos os produtores de jogos usam as mesmas ferramentas de desenvolvimento, os mesmos softwares de modelagem 3D e quase sempre, as mesmas linguagens de programação, o que diferencia um jogo de outro? Sua concepção criativa, seu roteiro, sua narrativa, seus elementos artísticos e o level design. Este livro também apresenta uma técnica de programação como recurso para auxiliar na construção de narrativas de jogos, na jogabilidade concepção de níveis de jogos (level design) para que estes sejam o mais fiel possível à ideia conceitual e assim preservar (ou mesmo ampliar) o projeto original.

Aproveito para convidar todos os leitores para participarem de um grupo de Facebook para discussão dos temas do livro com os demais leitores. Acesse aqui: http://bit.ly/leveldesign.

Isso é só o começo. Boa leitura, boa viagem e bom divertimento.

E vamos jogar. Para mais informações, veja aqui.

David de Oliveira Lemes / [email protected]